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ESG: inovação, modismo ou evolução?

O Pai da prosperidade humana será sempre Cristóvão Colombo, que por sua ousadia e empreendedorismo ensinou à humanidade o verdadeiro sentido de se acreditar no amanhã e investir em seus sonhos. Este é e sempre será o caminho. Por isso sempre repetimos aqui: “Associar é o caminho, vamos trilhar”, pois o associar é o resgate do associativismo, ou seja, o resgate da esperança.


Com advento da internet, a velocidade se tornou companheira inseparável das atividades humanas, e com ela percebemos ainda mais que podemos esperar muito do amanhã. Com ela passamos a perceber que tudo que já foi criado pode ser inclusive melhorado ou modificado, para se tornar mais produtivo, mais econômico e melhor nos atender. Nasce assim a nova onda do momento, a inovação.

Hoje, outro tema tem tomado o centro das discussões empresariais em todos os cantos do mundo, a adequação das empresas na filosofia ESG, do inglês Enviroment (ambiental), Social e governancy (governança).
Deixarei ao leitor a reflexão e a interpretação se o ESG é um modismo, uma inovação na gestão das empresas, ou uma evolução da humanidade no seu principal pilar econômico, a empresa.
Aqui vou apenas explanar um pouco da minha visão sobre o tema e como isso pode ser influenciado ou tratado pelas associações comerciais do mundo todo.


O mundo já passou por muitas transformações sociais. Somos resultantes de diversas revoluções e guerras e talvez estejamos saindo da revolução tecnológica para entrar na revolução da integração social, ou era da cooperação, onde modificamos os valores das empresas, dos governos e principalmente das pessoas, ou da humanidade.

Esta revolução irá de forma irreversível afetar as bases do capitalismo, tal qual o conhecemos hoje, como busca essencialmente da produtividade para se chegar ao lucro acima de tudo e de todos, para um capitalismo focado nas pessoas e na preservação da vida e dos recursos naturais de nosso planeta.


Sim, isto não é utopia, é a revolução em curso, e apenas começa com o ESG e vai permear pelo entendimento da cooperação acima da competição (mãe de todas as guerras).

Até pouco tempo víamos o ESG como tendência de futuro, hoje já está presente na maioria das discussões empresariais. Questões ambientais, sociais e de compliance deixaram de ser retórica de ambientalistas, partidos políticos e ecochatos para serem temas centrais da gestão moderna, e assim impactando toda a nova economia global.
Não se trata de crenças ou tendências, apenas a realidade de uma nova era, quer você goste ou acredite.


Mas o que precisamos entender é que ESG não é um programa de certificação nos moldes de uma ISO, que estabelece procedimentos padronizados onde as empresas devem se adequar para obter a certificação. Fuja deste pensamento equivocado.
ESG é uma filosofia transformadora, assim como o Associar. É necessário entender os fundamentos e a essência que nos trouxeram até este momento da história para entender o nosso papel, seja como empresário, empregado, governante ou cidadão.


O tema parece ter sido uma sugestão do então secretário geral da ONU, sr Kofi Annam, em 2004, quando ele sugeriu ao mercado financeiro integrar estes conceitos como ativos das empresas com capital aberto. De lá pra cá não só foi aceito como se tornou uma tendência que vem conquistando públicos em todos os cantos do mundo, principalmente os consumidores modernos, muito mais informados e conscientes do papel cidadão do consumidor capaz de estabelecer quem segue e quem fica para trás na corrida empresarial.


Traduzindo ESG numa forma simplista, dá para dizer que é uma filosofia de gestão capaz de impactar positivamente sobre a vida no planeta, no que tange seus recursos e acima de tudo na qualidade de vida dos habitantes deste planeta.

Perceba a importância do ESG e também do Associar para a nossa vida, ou melhor dizendo, para a nossa qualidade de vida, ou simplesmente para a nossa felicidade que pode advir da prosperidade.


A filosofia trata dos impactos que as empresas causam no meio ambiente e nas pessoas. É sobre a gestão de riscos e oportunidades ao entender a essência da existência de uma empresa na sociedade.

É também falar sobre transparência da gestão empresarial de forma a impactar da mesma forma a gestão pública, como também entender a responsabilidade sobre todos os atos humanos em todas as suas esferas.
A velha e boa lei da ação e reação. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer impacta sobre tudo e sobre todos, queiramos ou não, acreditemos ou não. Pense nisso.


Na prática, quando pensamos em meio ambiente estamos falando em pensar sobre as mudanças climáticas, sobre os limites dos recursos hídricos, o aumento da emissão de carbono e seu consequente impacto sobre a biodiversidade. E assim pensar como podemos manter a atividade empresarial sem impactar ou minimizar estes impactos na natureza.
O ponto chave para começar a entender a filosofia ESG é começar a entender o lixo como matéria prima reciclável e não como chorume de descarte. É a disrupção inicial.
Na prática, quando se fala em social, o primeiro e o mais impactante será sempre o papel que os sindicatos deveriam se ocupar, mas se perderam em política e comércio, que seria a melhoria constante do ambiente de trabalho observando aspectos primordiais como ganho real do trabalhador, a qualidade de vida no ambiente de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador fora do trabalho em sua comunidade familiar, religiosa e social. Além, é claro, de entender que qualificação de trabalhadores é um investimento que as empresas devem fazer no setor e nunca olhando apenas o próprio umbigo, acreditando que pessoas possam ser ativos da empresa (escravidão moderna).
Ainda no viés social, a empresa deve entender sua função de impactar a sociedade em seus aspectos de meio ambiente, situações do cotidiano da comunidade como segurança, educação e saúde, bem como aspectos culturais que desenvolvem o indivíduo na sociedade.
É claro que tudo isto, ainda, deve ser olhado com muito carinho com a lupa da inclusão e da diversidade. Nestes quesitos é preciso praticar o uso das sandálias da humildade e entender que nada neste mundo é nosso, a não ser a concessão de oportunidades, as quais serão nos cobradas pela geração de novas oportunidades para todos.
Na prática, o último pilar do ESG, a governança, começa com o relacionamento empresa x acionistas, nível de transparência e responsabilidade deles para com a empresa e da empresa para com eles, independente de seu tamanho ou poder econômico.
Por mais absurdo que pareça, a regra é exatamente a mesma num dono de um carrinho de pipocas ou acionista de uma multinacional. Passará inevitavelmente por transparência de atos e negócios, ética nas relações e gestão de riscos e oportunidades, e seu planejamento de longo prazo, ressaltando como ela avalia e integra as ações ESG ao seu modelo de negócio.
Até aqui, o caro leitor pode perceber que ESG é muito mais que uma certificação. Que um certificado NETZERO não passa de um golpe de “GREENWASHING”, que traduzido significa “maquiagem verde, ou propaganda enganosa no campo da sustentabilidade”. Cuidado, muito cuidado, Mandrakes não estão só na gestão pública.

ESG, acima de tudo é uma espécie de raio x do “caráter” da pessoa jurídica denominada empresa. Ou seja, são avaliações de juízo de valores na forma como ela se relaciona com seus colaboradores, seus fornecedores, seus clientes, com a sociedade e com o governo. Esta retidão de caráter determina o valor emocional da empresa, e nos dias atuais mais do que a imagem corporativa está começando a determinar o seu valor no mercado. O Valuation, que dia a dia vem sendo determinado pelo caráter ESG. Acredite, esse é o caminho.


Por isso os conselhos de administração, o corpo gerencial e até os colaboradores serão cada vez mais cobrados e selecionados por sua visão cidadã, ou seja, das suas capacidades de entender e interagir na sociedade de forma perfeita e harmônica. Este é o tom do soneto do novo mundo. Ouça e dance conforme a música.
Para mim, isto é como uma partitura escrita pelo próprio criador, que enfim vem sendo descoberta pela humanidade, e na medida que aprendermos a interpretá-la, melhor será o espetáculo onde todos somos os atores.


Se até pouco tempo falar de meio ambiente, questões sociais, transparência e cooperação eram assuntos de ecochatos, políticos querendo renovar seus estoques de pobres (eleitores) e pseudo intelectuais, hoje a pauta é empresarial e se transformou na linha de benevolência e assertividade da gestão empresarial e pública, onde não há espaços para direita ou esquerda, nem tampouco centrões políticos, mas uma só linha em direção à prosperidade através da cooperação universal.


Até pouco tempo, associativismo era campo de ocupação de apaixonados ou visionários que entendiam a missão transformadora. Entretanto, não vai demorar para que enxerguemos a força da cooperação e associativismo como lei central para o desenvolvimento, a prosperidade e a tão propalada igualdade que nem o mais otimista socialista possa ter imaginado. Ao mesmo tempo que tudo isto corrobora com aumento significativo da produtividade humana, nos tirando da dependência de gerar crédito para impulsionar a economia, que nem o mais otimista dos capitalistas possa ter sonhado. Não é utopia, é caminho, e ele existe.


Perceber que ESG e associativismo não é apenas um jogo de merchan e propaganda, mas acima de tudo a única direção da humanidade, fará com que empresas entendam sua função neste planeta e se valorizem através do desenvolvimento do seu caráter.


Ou seja, não estamos falando de imagem, estamos falando do valor econômico das empresas do futuro, que não mais serão definidas pelo ROI, ou pelo Ebitda, mas pelos consumidores do futuro. Qual será o valor da tua?
Se antes poderia de alguma forma incomodar a consciência dos gestores, tenha certeza de uma coisa: daqui em diante vai começar a doer nos resultados e no bolso dos investidores. Essa é a nova lei.


Se não acredita em mim, dê uma espiada na bolsa brasileira e veja do que estou falando. O net zero transformando o capitalismo da produtividade e do lucro em capitalismo do relacionamento.
E não se trata de cercear o lucro como fazem as doutrinas socialistas, nem tampouco transferência de renda como pregam os governos social-democratas, mas sim de um propósito maior para a produção e o consumo, preservando o lucro e o direito à propriedade e às liberdades do homem. Isto se chama economia sustentável e consciente na era da informação.
E assim como em tudo na vida do empreendedor, não basta entender e tomar consciência, é necessário ação. Aqui presta atenção. Neste campo você pode tentar ir sozinho e rápido, mas se vier junto em cooperação, pode não ser tão rápido, mas com toda certeza será uma viagem muito mais longa e muito mais produtiva.

Te espero para o café do futuro, para juntos desenharmos a sociedade do hoje, para atender os consumidores modernos que não mais se deixam enganar pelo tradicional marketing da propaganda enganosa. Associativismo é isso. O caminho é associar, vamos trilhar.

O autor Gilmar Denck é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração.

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