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Diferença entre cooperativa e associação

De uma forma ou outra as cooperativas costumam ser confundidas com associações por estarem baseadas no mesmo princípio da cooperação. Em nossa caminhada somos bombardeados diuturnamente com oportunidades das mais variadas espécies ou fontes. As relações interpessoais nos fornecem experiências que marcam o nosso caráter e determinam o nosso jeito de ser e ver o mundo.


Nestas relações muitas vezes quando prestamos atenção, ou por puro insight acabamos entendendo um ou outro fator que agradam a maioria das pessoas. Neste momento pode nascer uma grande oportunidade de negócio, pois se agrada um bom número de pessoas, pode ser convertido em um produto é oferecido a elas em troca de um valor pecuniário definido pelo valor que as pessoas atribuíram aquele produto ou serviço.


A cooperação como vimos no capítulo 2 surgiu há milhares de anos e sempre esteve presente em todas as culturas, povos e nações de todas as épocas da humanidade neste planeta, mas foi em 1843, em Rochdale, no interior da Inglaterra, que algumas pessoas por atenção ou puro insight decidiram montar um armazém em parceria (sociedade) foram 27 pessoas que adquiriram alimentos em grande quantidade para obter preços melhores e depois dividiram igualmente as compras entre os 28 membros do grupo., uma atitude estratégica, que buscava a sobrevivência deles, os fez prosperar. Foi assim que nasceu o movimento cooperativista. 10 anos depois a Sociedade dos Probos de Rochdale já contava com mais de 3000 associados.


Basicamente, podemos definir o cooperativismo como uma ação de colaboração entre pessoas com os mesmos interesses. Quando elas dão as mãos e se unem em prol deste objetivo, alcançam resultados que, provavelmente, não conquistam sozinhas. Esta é a mesma base de formação de uma associação.


No Brasil, o cooperativismo começou a fazer diferença em 1889, no setor agropecuário. A primeira cooperativa 100% brasileira levava o nome de Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto e foi fundada em Minas Gerais. No início do século XX, o padre Theodor Amstad fundou a cooperativa de crédito SICREDI, no município de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, tornando assim no principal responsável pelo cooperativismo no Brasil.

Segundo a organização das cooperativas do Brasil a OCB, o movimento cooperativista atinge hoje no mundo mais de 100 países e é responsável por mais de 280 milhões de empregos diretos.

Assim, como tantas outras relações ou fatos que ocorrem nas relações interpessoais a cooperação se transformou em um negócio, e graças ao espírito de colaboração mútua se tornaram negócios rentáveis e perenes. Negócios, são mais que empresas, são a transformação de uma oportunidade, um desejo ou uma necessidade humana em uma resposta, da qual pode se obter contrapartidas financeiras, ou seja, alguém oferece uma solução para alguém que paga por ela. E o negócio das cooperativas vai muito bem, obrigado.


Neste ponto é importante observar que a cooperativa diferente da associação possui fins lucrativos. São fundadas pelo esforço comum de seus cooperados com objetivo de unir forças para reduzir custos, produzir juntos e rentabilizar em cima disso. O objetivo final de uma cooperativa está no retorno financeiro de suas operações, enquanto que numa associação o objetivo final está no retorno social de suas operações, ou seja, no bem e na transformação que ela promoverá na sociedade em que atuar.
Embora sejam facilmente confundidos, seus objetivos são distintos, e a confusão se dá por suas diversas semelhanças de atuação. Veja a filosofia que as mantém sólidas no mercado, em ambas você pode perceber que são muito mais do que um modelo de negócio, são também uma filosofia de vida, ou um jeito de ser e agir na comunidade que tem como objetivo principal transformar o mundo em um lugar mais feliz, justo, igualitário, equilibrado e com boas oportunidades para todos.


Esta filosofia de cooperativas e associações acredita na união de interesses que muitas vezes são antagônicos. Basicamente ambas seguem um caminho onde é possível unir desenvolvimento econômico e social, o famoso desenvolvimento sustentável pois traz produtividade e sustentabilidade. E tudo isso começa quando as pessoas se unem por um objetivo comum. Este mecanismo se repete e amplia, gerando ganhos que afetam pessoas e suas comunidades, no nosso país e no planeta todo.


Já nos pilares básicos enquanto as associações estão alicerçadas na liberdade na democracia e na solidariedade, as cooperativas se alicerçam na cooperação, na transformação e no equilíbrio, compactuando dos mesmos princípios de funcionamento, a saber: adesão livre, gestão democrática, rateio dos custos, autonomia e independência, educação e a formação dos seus membros através da informação, a intercooperação, e o interesse solidário pela comunidade em que está inserida.


Por compartilharem do mesmo ideal de transformação das pessoas que transformam o meio em que vivem e ainda por balizam suas existências em pilares semelhantes e adotar padrões de conduta com base nos mesmos princípios, cooperativas e associações coexistem e se unem em diversas ações cooperadas para atingir o mesmo objetivo social de transformar a nossa localidade num lugar melhor para se viver, trabalhar, cuidar de nossa família e buscar a felicidade, respeitando sempre as diferenças básicas de responsabilidades e fins cada qual se institui.

O autor Gilmar Denck é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração

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