Gilmar Denck
O conceito associação empresa existe, mas como a própria situação jurídica não permite, não passa de uma abstração ou devaneio dos empreendedores que habitam o meio. O tema pode e deve ser objeto de muita reflexão. Muitas são as justificativas que baseiam esta mudança de pensamento na administração das associações comerciais, como as enormes custos em diversos setores, na maior parte das ocasiões, as contas acabam não fechando – uma bola de neve que nitidamente vem crescendo, quando não, nitidamente a entidade quase que abandona o espírito de associação para se transformar em uma empresa sem fins lucrativos.
Aberração em princípio e valor. Não são instituídas com este propósito, mas no meio do caminho justificando se pela necessidade de recursos, em sua maioria para cobrir custos já estabelecidos em processos mal avaliados e sem foco associativo, geralmente atrelados a um custo de manutenção que muitas vezes superam o próprio faturamento objeto do custo empreendido. Se não bastasse o absurdo em si mesmo, o fato de empreender acaba concorrendo com empresários da comunidade que são a razão da existência do associativismo: defender e fomentar os negócios locais.
Absurdos e abstrações à parte, a necessidade de uma entidade recolher e captar recursos é latente e legítima, portanto sim, é necessário uma ampla reflexão sobre as formas de captação e financiamento dos projetos de fomento aos negócios locais, a defesa da democracia e a disseminação da cultura da cooperação.
E, com planejamento, foco nos princípios, transparência e honestidade no propósito, podemos ter uma tendência benéfica para maiores investimentos, resultando em um aumento da competitividade financeira das associações, independente do porte.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração.