Associar é a solução

Gilmar Denck

Toda ideologia nasce da necessidade de equilibrar as forças que afetam o ambiente , desta forma o mais fraco se organiza unindo forças para reestabelecer o equilíbrio. Por má formação, ou má informação, no meio de caminho se perde, passa a acreditar que o poder está nos poderes constituídos, e somente estes detém o poder. Enquanto que na verdade todo poder emana do povo. Em seu íntimo acredita que o poder, por ter sido entregue aos poderes constituídos (governo) só lhe será devolvido se fizer parte do mesmo. Acredita que sua ideologia tem que estar presente no governo. Assim se formam os partidos políticos, para inicialmente defender uma ideologia, mas que rapidamente passam a defender a manutenção do poder pelo poder, e quando isso acontece e sempre acontece, perdemos a essência da ideologia.
Segundo a tradição judaico-cristã, predominante na nossa cultura, Deus nos castigou, ou nos premiou, com a necessidade de tirar o sustento do suor do próprio rosto. Mais tarde Jesus veio, através da parabóla dos talentos, nos ensinando que Deus nos presenteia com talentos e que nos cobra o desenvolvimento destes. Tudo aquilo que nos é dado, devemos multiplicar, está é a lei. Aqui entendemos nossa missão e vocação para a prosperidade, através da busca por riqueza que deve ser de todos para todos indistintamente. O que nós aprendemos com milhões de anos de vida errante neste planeta, é que a fórmula mágica é sempre a cooperação. Não existe outro caminho. A cooperação é a grande fórmula da prosperidade. É importante saber que são cinco elementos que compõem a formação da riqueza, e não menos importante enteder que quanto mais equilibrio entre esses elementos, maior a presença da prosperidade.
Temos de um lado os elementos que geram a prosperidade, e do outro lado a luta insana pelo equilíbrio das forças, que acabam se politizando e formando ideologias que fatalmente se transformam em extremismos derivados da luta pelo poder . Vivemos hoje um grande momento de polarização entre direita e esquerda, ambos acreditando estarem apenas equilibrando as forças. Mas na verdade os dois estão nos extremos e curiosamente a política atrapalhando a prosperidade, que seria o principal ponto de existência do poder, responsável promover a prosperidade.
A vida do planeta depende diretamente do Sol, que dá energia, que movimenta todas as coisas, que nos traz energia para termos alimentos, que por sua vez nos permite se mover e trabalhar. Sem o Sol, estamos mortos.
Da mesma forma, a atitude empreendedora é o Sol da economia, a motivação do empresário atrás do lucro é que move e gera toda a economia. Assim a riqueza, o resultado final, se dá por seus elementos essenciais, a saber : capital, recursos naturais, ideias e mão-de-obra.
O capital não é tudo na vida, mas sem ele não existe nada. É função da empresa rentabilizar o capital, para que o devolva para a sociedade e fomente ainda mais negócios, em um ciclo virtuoso. Precisamos do capital, mas não podemos ser escravos dele, que é o outro extremo, o qual temos que combater (aqui o cooperativismo de crédito aparece com muita força).
Temos que gerir os recursos naturais de forma sustentável, reprogramar, reinvestir, reflorestar, para que estes se multipliquem, não somente consumir o que está diaponivel. Afinal, estes recursos são finitos, são efêmeros, assim como a própria riqueza em si.
Quanto às ideias, a inovação nada mais é que o fomento delas pois percebemos o quanto elas são produtivas e colaboram com a prosperidade. Enquanto que a mão de obra, não podemos produzir sem ela, precisamos aplicá-la, assim, ela é tão importante quanto o capital, quanto aos recursos e às ideias.
E tudo isso nos leva à atitude, que é a essência ou o sol da economia. A atitude empreendedora é essência de toda e qualquer nação que já existiu. Um detalhe: vimos acima que prosperidade se dá com o equilíbrio entre essas forças. O que acontece, porém, é que o capitalista quer buscar tudo para ele, o empreendedor quer puxar tudo para ele, o empregado quer puxar tudo para ele, e aí todo mundo se prevalece dos recursos, e ninguém se preocupa com a essência de cooperação necessária para atingir a prosperidade de forma sistêmica e com o todo, com tudo e com o planeta.
Diante isso, quando nós sentimos traídos e enfraquecidos , temos uma tendência a união de forças para voltar a se fortalecer. Mas o que acontece é que nos unimos para fortalecer apenas os nossos direitos. Cria-se sindicatos para defender interesses de empregados, do outro lado, empreendedores criam sindicatos para defender seus direitos, quando na verdade ambos deveriam estar sentados a mesma mesa e juntos debater como fazer para prosperar sistematicamente
O capital, por sua vez vemos que grandes banqueiros, querem saber apenas de fazer crescer o deles, o capital, e aí lutamos contra isso. É preciso multiplicar o capital, mas dentro de um equilíbrio, unindo o empreendedor e a mão de obra. Mas isso não ocorre, é ignorado e o crescimento passa quase que despercebidos por todos.
Essas forças de defesa existem na sociedade e os partidos políticos acabam surgindo pela união de pessoas que defendem uma mesma ideia, mesmos interesses e seus direitos. Todos temos que nos unir para melhorar nosso ambiente. Os empresários têm de se unir na sua associação para melhorar seu ambiente de negócios, o capital tem de se juntar ao ambiente de capital. Tudo perfeito, no entanto, quando não se trabalha a cooperação de forma sistêmica, cria-se divisão.
A política é isso, os partidos são exemplo. Surgem como uma boa defesa e vão caminhando para extremos e sobrevivem disso vendendo divisão exatamente na contra mão da prosperidade . Para pagar a dívida com seu eleitorado acabam extrapolando para apenas um dos elementos. De um lado pode valorizar por demais o capital ou empreendedorismo, e a deixa o movimento dos trabalhadores suprimido ou menos privilegiado, e com isso temos um problema. Os trabalhadores então têm de lutar para pegar o poder e ao alcançá-lo querem acabar com o empreendedor.
Empreendedor e empregado trabalham para a empresa, ambos sobrevivem da empresa, aí o político entra e quer se aproveitar dos dois lados, e não sabe ele que é a empresa que o mantêm. E, note que quanto mais se fortalecem os partidos, mais enfraquecidas ficam as empresas.
Neste momento de nossa nação de nítida polarização, onde os dois lados estão errados, se fala em combater o crime, mas para combatê-lo parecem não se importar em cometer outros crimes. Na recente disputa eleitoral brasileira tivemos de um lado um condenado e do outro um possível não-investigado.
A corrupção por si só que subtrai os recursos de desenvolvimento da sociedade já é um crime hediondo. Mas de todos o pior é quando o conjunto político afeta o ambiente de forma reduzir a motivação dos empresários. Está motivação acende a atitude empreendedora, a energia ou o Sol da economia .Essa atitude empreendedora é que gera tudo que se movimenta se transformando em negócios e oportunidades num círculo virtuoso. Sem o Sol, a Terra morre, sem a atitude empreendedora, morre a economia.
Não é a política que movimenta a Terra, é a atitude empreendedora e o equilíbrio entre as forças geram a prosperidade . Este equilíbrio só e possível em um ambiente solidário e através da cooperação que necessita da liberdade e da democracia. Isto é Associar. Associar é a solução. Vamos trilhar

O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração

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