O ecossistema social denominado Programa Associar que tem como base o programa Empreender da CACB, congrega negócios e não se trata de uma inovação no sentido amplo da palavra, pois tudo já existe e já foi pregado, mas tenta inovar ao organizar os atores sociais para que trabalhem focados no propósito e assim produzam muito mais. É sim uma disrupção nos modelos de gerenciamento empresarial atual, considerando toda a comunidade tem ligações com as tarefas e responsabilidades compartilhadas com o resultado final.
É normal esse conceito ainda gerar dúvidas entre os empreendedores, em especial sobre o seu significado, os benefícios e as oportunidades que ele pode trazer em seu bojo, pois somos educados para a competição, para ocupar um lugar ao pódio e para estar sob os flashes da fama esquecendo a nossa responsabilidade social que nos transforma em verdadeiros mercenários sociais.
Para ter sucesso no negócio, acreditamos que devemos vencer a concorrência. O erro fatal começa aqui, para o verdadeiro sucesso é essencial compreender o ecossistema, a fim de manter a competitividade e acompanhar as tendências. Se não entender isso, o empreendedor, seja MEI ou multinacional não terá condições de se adaptar e corre o risco de deixar de ser interessante para o mercado, engana se quem ainda não percebeu que os valores buscados pelos consumidores estão em franca mutação e tudo indica que em breve, muito em breve, devido a velocidade da informação, que logo ele vai exigir muito mais atuação social de todos os produtos que consome do que atualmente. Muitas empresas estão se ligando com políticas ESG, e você.
Vamos entender na prática o que é o programa. Na biologia, o ecossistema é composto pelo conjunto de comunidades que vivem em um sistema de interdependência mútua, interagindo entre si e com o meio em que está inserido. Essa foi a inspiração para aplicar o termo no cenário empresarial, que começou com o mercado da inovação fazendo as adaptações necessárias para que o ecossistema fizesse sentido.
Na mesma linha um ecossistema social de negócios trata de estruturas dinâmicas de diferentes organizações que estão interligadas, dependendo uma das outras para que tenham sucesso e assim promovam o desenvolvimento sustentável. Assim, elas conseguem gerar valor para os clientes individualmente ao mesmo tempo que geram valor para toda a sociedade.
Quem são os principais atores do ecossistema:
• empresas de diferentes portes, segmentos e setores econômicos
• clientes b2b e consumidores b2c
• parceiros do segmento equivocadamente chamado de concorrentes;
• fornecedores;
• instituições de ensino;
• instituições religiosas
• entidades de classe
• entidades do 3º setor
• governo. Em todas as suas esferas e jurisdições
Até meados da década de 90, já existia um modelo de intercooperação formado por grandes conglomerados associados ao sucesso e à prosperidade do grupo. O poder era centralizado, e todas as estratégias eram determinadas pelos diretores.
De certa forma, apesar de ter garantido bons resultados, ele também trazia limitações, já que tudo era comandado a partir de um grupo pequeno de pessoas, por isso e com o crescimento da digitalização nos negócios, a partir do ano 2000, a agilidade no desenvolvimento e na implementação de estratégias se tornou essência e febre mundial, todo mundo acreditava que o sucesso dependia de velocidade. Assim as organizações passaram a distribuir as atividades em unidades menores que tivessem autonomia e independência.
Porém, a partir de 2010, o crescimento das empresas se tornou mais acelerado, afetando o funcionamento destes ecossistemas. Com isso, ficou evidente a necessidade de aumentar a velocidade de tomada de decisões e de implementar estratégias nos negócios, sem que as unidades perdessem a sinergia. Assim, partiram em sua maioria para a divisão de setores ou criaram centros independentes e menores, elas atuam em conjunto para uma linha de produção e cadeia logística.
Tudo isto atende aos interesses dos investidores em um segmento, mas fica longe da responsabilidade social de produzir impostos, gerar empregos e renda, embora produzam muito bem os produtos que precisamos é uma forma ou outra contribuem com o entorno, mas o foco central está somente no lucro.
Nos dias atuais, após a pandemia, a população parece estar acordando para o real papel das instituições que atuam na sociedade, refletindo inclusive sobre as ações que impactam nela e no meio ambiente. Uma sociedade mais consciente está surgindo. A velocidade o tempo dirá. A ideia de ecossistemas não é novidade, já na pré-história os primeiros hominídeos montavam sistemas cooperativos para reduzir a aplicação de energia e ampliação de resultados nas caças. Esta identificação de benefícios que esta relação entre diversas empresas pode trazer ao se unirem para fortalecer competências e inovar, sem perder a independência, consegue perceber que existe uma forte sinergia entre os negócios.
Interessante notar que de um jeito ou de outro, todas as empresas estão inseridas em um ecossistema de negócios, mas nem todas identificam isso e passam a participar ativamente dele. Assim, deixam de aproveitar os benefícios que isso pode trazer para o empreendimento e para toda a sociedade.
Por experiências de outros programas similares podemos dizer que as empresas que participam ativamente do ecossistema e atuam em conjunto para procurar oportunidades para inovar no mercado, percebem que:
1-A colaboração aumenta as oportunidades de identificar e desenvolver novas soluções.
2- Os benefícios não se limitam às empresas que participam ativamente desse ecossistema: a comunidade também conta com vantagens, como novas chances de emprego e melhores soluções para o dia a dia.
3- A participação ativa no ecossistema permite a criação de parcerias que auxiliam diante de desafios e dificuldades. O mundo é extremamente competitivo, isto não impede que diferentes empresas não possam trabalhar em conjunto para passar por esses momentos.
4- Que pode trabalhar junto para traçar e implementar novas estratégias para vencer os desafios que surgem no mercado todos os dias. Com uma visão ampliada de diversos negócios que vem das diferentes experiências e ideias, é possível unir forças para determinar soluções mais eficientes para fortalecer o ecossistema e superar as dificuldades.
5- Que a informação que circula no meio do ecossistema pode valer muito mais que dinheiro, como por exemplo estar antenado na transformação digital, pois todos os dias surgem tendências que precisam ser acompanhadas.
6- A união também ajuda compreender quais são as oportunidades trazidas por esta transformação digital e que ainda, esta união garante um diferencial competitivo importante, principalmente devido ao seu grande potencial e também a tão badalada disrupção de mercado.
Mais do que nunca urge o considerar o novo perfil do consumidor, que conta cada vez mais com informação e também tem uma postura mais ativa ao cobrar soluções adequadas das empresas não só em relação às suas demandas pessoais, mas principalmente em relação ao entorno, seja ele social, ambiental, cultural, econômico ou político. Assim, a criação de parcerias ajuda na criação de produtos e serviços mais atrativos bem como facilitam a gestão por estarem compartilhando informações e reduzindo custos e investimentos que sozinhos na empresa seriam de grande monta e com pouco resultado.
Mesmo que você já entenda o conceito de ecossistema de negócios, é importante identificar onde seu negócio e sua empresa estão inseridos, para que possa atuar de forma conjunta com parceiras e aproveitar o máximo possível da network com parceiros e consumidores para poder desenvolver novas soluções.
O associar te aproxima de melhores oportunidades, que envolvem:
• levantamento de informações e percepção sobre as necessidades e desejos do mercado e dos consumidores;
• a criação de ambientes de incentivo ações conjuntas, além da implementação de medidas inclusivas;
• opções de investimento ou oportunidade para que os investidores encontrem o seu negócio.
Assim, além de entender o funcionamento dos ecossistemas de negócios, a empresa deve estar preparada para atuar no meio e descobrir oportunidades. A troca de experiências entre os empreendedores, assim como a abertura para receber feedbacks de todos os atores sociais ajudaram trazendo mais oportunidades para crescer. O caminho existe. O caminho é associar, vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração
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