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A vida, competição ou cooperação?

No momento exato da nossa concepção fomos consagrados super campeões, pois afinal, vencemos a grande corrida entre milhões de espermatozoides e somente nós chegamos ao destino final, e como grande prêmio fomos concebidos desta forma para viver uma jornada neste planeta.
Iniciamos nossa jornada inseridos numa grande competição, onde não houve, não há e nunca haverá espaço para perdedores. Apenas os vencedores sobreviverão. Esta tônica inicial está presente em todos os seres vivos e se manterá por toda a sua existência, tendo alento apenas no curto período de incubação onde os desafios são enfrentados apenas pelo hospedeiro (mãe).


Após este período a competição se torna mais acirrada pela sobrevivência. A luta é contra tudo e contra todos, numa odisseia diária onde a noite é apenas uma oportunidade para buscar refúgio e recuperar energias para a batalha do dia seguinte. Este é o retrato mais simples e realista da vida no planeta. Se acreditarmos que somos apenas animais, mesmo que racionais (com consciência do que acontece e do que somos), a vida não passa de um processo de nascer, se desenvolver, lutar, procriar e morrer. Um simples ciclo de curta duração tentando se adaptar no meio em que foi inserido.

E neste mundo só sobrevivem os mais fortes, os mais rápidos, os mais inteligentes e os que mais se adaptam. Tudo isto nos joga no epicentro da competição. Não traz felicidade, mas traz uma sensação de sobrevivência inexplicável. Porém, se você acreditar que existe um propósito maior (mesmo que não saibamos exatamente qual seja), a vida toma outro contorno. Se estamos aqui com um propósito e nele se concentra a nossa angústia existencial, nasce aqui a primeira fagulha da cooperação.

Nossa evolução cognitiva que nos trouxe todas as tecnologias que facilitam a nossa vida se baseiam quase que única e exclusivamente na cooperação. Quando compartilhamos o que temos, seja físico, espiritual ou apenas conhecimento, percebemos a força universal da cooperação. Tudo se torna exponencial. Neste momento a lei física da matemática onde 1+1=2 desaparece dando lugar à lei universal da cooperação onde 1+1= sempre mais que dois. Experimente. Jesus mostrou isso com a passagem da multiplicação dos pães.


O efeito é mágico e presente em tudo. Pesquise. Tente dobrar uma simples folha de papel mais que 6 vezes. Não conseguirá, pois, a força se multiplica a cada dobra ampliando sua resistência. Guarde 1 centavo dobrando a quantia a cada dia e veja a quantos milhões chegará em 30 dias. É apenas o efeito exponencial decorrente da cooperação. Se quiser ir além, perceba o crescimento exponencial das cooperativas.


Muitos acreditam no modelo de gestão como segredo de sucesso, mas acima disso o grande trunfo é a cooperação. Ela multiplica, ela é exponencial. Agora, somos livres, podemos escolher a competição e continuar produzindo uma meia dúzia de campeões ao mesmo tempo que produzimos uma orla de perdedores, ou podemos optar pela cooperação e lutar pela prosperidade humana.


Por favor entenda, não estamos falando aqui de caridade e assistencialismo barato que só resolve o problema emocional de quem pratica. Estamos falando aqui de cooperação. De unir os esforços e dividir as tarefas. Colaborar com o crescimento coletivo de nossas comunidades. Este é o sentimento que precisamos implementar em nossa cultura. É nítido. Quanto maior o sentimento de cooperação de uma cidade maior a sua prosperidade.


Então, viver como animais ou viver como seres humanos é uma opção. A consequência é inevitável. Tenho comigo que se a prosperidade não for o objetivo maior desta vida (ela é exortada por Jesus em sua parábola dos talentos), este propósito é sem dúvida o maior, o melhor e talvez o único capaz de promover a paz e a felicidade que tanto buscamos. O caminho existe. O caminho é ASSOCIAR. Vamos trilhar.


O autor Gilmar Denck é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração.

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