Gilmar Denck
À medida que o programa Associar se apresenta como uma proposta de transformação social gera automaticamente diversos sentimentos de curiosidade na busca de oportunidades correlatas a diversas expectativas em diversos públicos. Isto é natural e se constitui num grande desafio para a liderança do programa, pois filtrar sem negligenciar valores é sempre um dilema complexo e perigoso. Em outra direção, a grande demanda e a grande dependência do sistema associativo estão centradas no desenvolvimento de lideranças cívicas (papel crucial dos conselhos de lideranças).
No que tange a liderança um dos aspectos cruciais e de nossa maior atenção está na relação de forças entre um grupo e seu líder sendo um tema complexo e multifacetado, que envolve aspectos psicológicos, sociais, políticos e situacionais. Não há uma saída única ou definitiva para essa questão, mas algumas perspectivas teóricas podem ajudar a compreender melhor esse fenômeno.
Uma dessas perspectivas é a da dinâmica de grupo, proposta por Kurt Lewin, um dos pioneiros da psicologia social. Segundo Lewin, o líder emerge como uma consequência das necessidades de um grupo de pessoas e da natureza da situação em que o grupo está tentando operar. O líder adquire status através da participação ativa e da demonstração de sua capacidade de levar a bom termo trabalhos que exijam cooperação. A liderança, portanto, é uma relação operacional entre os membros do grupo, que varia de acordo com o contexto e as circunstâncias.
Outra perspectiva é a da identificação, que enfatiza o papel das emoções, dos valores e das representações sociais na relação entre o líder e o grupo. Segundo essa abordagem, a influência do líder se explica pelo ordenamento significativo da realidade das pessoas que, simultaneamente, se identificam e consentem em tal influência. A identificação é um processo psicossocial que envolve a construção de uma identidade coletiva, que compartilha características, objetivos e interesses com o líder. A liderança, assim, é uma relação simbólica entre o líder e o grupo, que mobiliza e articula poder, mas também recursos cognitivos e emocionais.
Existem ainda outras formas de classificar e analisar os tipos de liderança, como por exemplo, a distinção entre liderança autocrática, democrática e laissez-faire, que se baseia no grau de participação e de controle que o líder exerce sobre o grupo.
Cada tipo de liderança tem suas vantagens e desvantagens, dependendo do tipo de grupo, da tarefa, do ambiente e dos objetivos envolvidos. Em suma, a relação de forças entre um grupo e um líder é um assunto que pode ser abordado por diferentes ângulos e que requer uma compreensão ampla e crítica dos fatores que a influenciam. Tarefa base, ou missão maior dos promotores do associativismo, suportar a liderança é desafio em dobro que somente o entendimento do propósito pode assegurar sua eficiência.
Aqui cito alguns exemplos dos modelos de liderança autocrática, democrática e laissez-faire. Apenas para entenderem tendências dentro dos grupos: Liderança autocrática é espécie de ditador que governa o grupo com mão de ferro e não tolera qualquer forma de oposição ou divergência. Ele almeja o poder absoluto sobre todas as decisões, sejam elas políticas, econômicas, e sociais do grupo exigindo uma espécie de obediência e lealdade dos liderados. Esse tipo de liderança pode ser eficaz em situações de crise ou emergência, mas também pode gerar medo, desmotivação e resistência por parte dos liderados.
Liderança democrática: se destaca pela sua capacidade de dialogar, negociar e envolver diferentes atores na tomada de decisões. Ele valorizava a participação e a colaboração da sua equipe, dos seus aliados e até dos seus adversários, buscando sempre o consenso e o equilíbrio. Esse tipo de liderança pode ser eficaz em situações que exigem criatividade, inovação e comprometimento por parte dos liderados.
Liderança laissez-faire: conhecido por delegar a maior parte das responsabilidades e decisões para os seus liderados, dando-lhes autonomia e liberdade para atuarem como quiserem. Ele confia na competência e na motivação da equipe e se concentra em criar uma cultura organizacional que estimule o empreendedorismo e a experimentação. Esse tipo de liderança pode ser eficaz em situações que envolvem grupos qualificados e motivados, mas também pode gerar falta de direção, de coordenação e de feedback por parte dos liderados.
Cabe aos promotores do associativismo orientar os líderes se apegando ao propósito como seu guia máximo e orientando a liderança na direção da formação de novos líderes no seu grupo. A missão do grupo pertence ao grupo, ao líder pertence a missão de liderar e formar novos líderes.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração