Gilmar Denck
Se você deseja ser rico de verdade, precisa entender o conceito de riqueza, como ela se forma, como se mantém e como se desenvolve.
Para começar, precisa de uma vez por todas entender que riquezas não existem. O que existem são recursos naturais abundantes (quando utilizados com inteligência sustentável) que recebem beneficiamento humano que podem iniciar o processo de enriquecimento. Outro conceito importante é entender que miséria também não existe, todos nascemos pobres. Miséria é apenas ausência de riqueza.
Também, não menos importante, é preciso entender que riquezas não são geradas por pessoas, nem por empresas. Pessoas podem e devem buscar algo natural e beneficiar esta matéria, transformando-a em um produto ou em um serviço em benefício para a sociedade. Este beneficiamento lhe dá direitos que podem ser convertidos ou trocados por outros benefícios que necessite ou deseje (aqui o dinheiro intermedia estas trocas, cumprindo sua única função).
Assim, quanto mais benefícios oferecer, mais direitos a benefício irá acumular, gerando assim a primeira fase do enriquecimento pessoal. Portanto, produzir é função de todos, independente de condições físicas. Acumular hoje assegura o amanhã.
Já as empresas têm a função de congregar as pessoas para que juntas possam ofertar maiores e melhores benefícios à sociedade. Seja patrão ou empregado, a função é a mesma com missão destinada a mesma pessoa, o consumidor. Portanto, quanto mais benefícios ofertar ao mercado, maior o direito a benefícios. Assim, gera acúmulos a serem partilhados entre os atores definidos por regras combinadas e ajustadas. Quanto mais transparente forem estas regras, maior será a produtividade entre os parceiros (atores na empresa).
Com tudo isto posto, podemos entender que a riqueza começa a se formar na produção. Porém, ela só se mantém e se estabelece dentro do tripé da riqueza. A saber: produtividade, austeridade e segurança jurídica. Não há outro meio, não há subterfúgios, a riqueza, para se formar, precisa de produtividade, de austeridade e de segurança jurídica.
Para gerar acúmulos (base da riqueza) é necessário primeiro que você produza sempre mais, em menos tempo. Engana-se quem acha que produtividade é trabalhar mais. Ser produtivo é produzir mais em menos tempo e em menos espaço. Vamos focar na base do enriquecimento, primeiro produzir mais, depois, de nada adianta produzir bem se você gastar mais do que ganha.
Este segundo princípio do enriquecimento é esquecido ou desconhecido maioria da população, que por não saber se joga no crédito, acreditando que ele tem o poder milagroso de atender nossos desejos sem aumentar nossa entrega de benefícios. Isto é coisa de mandrake, ou seja, ilusão. Portanto, gaste menos do que ganha, não importa o patamar, seu ganho.
Se produzir mais e gastar menos estará construindo os acúmulos que vão gerar a riqueza desejada. Entretanto, é necessário um conjunto de regras e leis que assegurem que tudo aquilo que produzir e acumular se torne teu de fato. Chamamos isto de segurança jurídica. Em síntese, tudo aquilo que produzo, tudo aquilo que economizo, se torna uma propriedade assegurada. Para isto precisamos de governos.
Estes são os princípios de enriquecimento que valem para uma pessoa, para uma empresa e para a nação. Exatamente na mesma proporção e energia. Entretanto, outro conceito que precisamos entender de uma vez por todas é o da economia da nação.
Não existe uma terceira pessoa responsável por esta economia. O que existe é uma pessoa responsável pela economia da nação, e esta pessoa está na primeira pessoa do plural. Somos nós que devemos cuidar, primeiro do enriquecimento pessoal, depois do enriquecimento das empresas (como dono ou como empregado, responsabilidade igual), e por fim cuidar do enriquecimento da comunidade.
Mas porque cuidar do enriquecimento da comunidade? Devemos cuidar do nosso e da nossa empresa apenas? Não, isto seria o ciclo da burrice. A riqueza é uma construção social e coletiva, dependemos de tudo e de todos. Só há enriquecimento quando todos estão enriquecendo e não há estabilidade, ou a comunidade está enriquecendo ou está empobrecendo. O benefício que ofereço a sociedade me dá direito usufruir o conjunto de benefícios gerados pela sociedade, e estes acúmulos só terão valor se a sociedade usufruir de poder para adquirir de mim o que acumulei por direito.
Assim se forma o “valor” do dinheiro circulante e o valor do patrimônio adquirido por direito. Minhas posses só terão valor se houver quem se interesse e possa adquirir, portanto seria de uma imbecilidade social não entender que a riqueza é uma construção coletiva.
Bem, este é o caminho, riqueza é um desejo individual que só pode ser obtido pela cooperação no coletivo. Mas como obter na prática? Próximo capítulo. Associar é o caminho, vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração