Gilmar Denck
A forma de apresentar um fato ou um dado pode determinar a crença do interlocutor. O Cristianismo em sua forma original era uma filosofia de cooperação mútua, onde seu mártir ensinou a todos a buscarem o perdão e o respeito mútuo como fórmula mágica para o convívio social. 300 anos após sua morte com habilidade contábil, técnica e política o imperador Romano Constantino (312 DC), após perceber o efeito extraordinariamente positivo desta filosofia na economia Romana destruída pela Pandemia de Cipriano (260 DC), que através do acolhimento e solidariedade cristã, diferente de todos nós que nos afastamos em tempos de Pandemia, acabou salvando o império não teve dúvidas, transformou o Cristianismo em uma religião estatal, a famosa igreja católica (universal) apostólica Romana.
Fatos da história pouco divulgados, mas que muda completamente a filosofia dos primeiros cristãos, a meu ver as primeiras cooperativas criadas na história, num verdadeiro modelo de ritos, mitos e dogmas conduzidos e impregnados pela habilidade dos governantes romanos. O imperador foi além. Disse Jesus: “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Para o império Romano tudo era de César, então porque não trazer também os cristãos. Dito e feito.
O fato curioso da história é perceber que o homem por sua dimensão divina, segundo nossas crenças judaicas (somos a imagem e semelhança do Criador), possui como capacidade inata o dom da magia, ou o poder sobrenatural de transformar tudo em sua volta a partir de suas vontades.
Um mesmo fato pode estar cercado da magia do poder sobrenatural dos homens sobre as coisas como também pode ser demonstrado com mágica, a arte da enganação, que encanta os olhos dos incautos.
Na religião, católica ao menos, temos muita magia, demonstrada na história dos seus santos venerados por suas obras, mas há também muita mágica, ou seja, dados e fatos demonstrados com propósito de enganar ou no mínimo iludir os desavisados. Aqui o leitor fará seu próprio juízo de valor, provavelmente a luz de suas crenças que podem estar recheadas de magia ou apenas frutos de demonstrações mágicas que o convenceram, assim como de caráter pessoal, não entraremos no mérito.
Da mesma forma que a religião cristã, a contabilidade que ao que tudo indica surgiu há mais de 4000 anos pela necessidade de se obter registro de posses e bens e que por volta do ano 1340 o frei Luca Pacioli organizou e sintetizou como ciência criando o sistema bipartite de ativos e passivos, através do qual nos trouxe a magia humana de entender e compreender a dança dos números e através dele influenciar positivamente os resultados.
Porém, há sempre o porém, a contabilidade cercada de magia, por atender o desejo humano de entender resultados, também está cercada de mágica e de mágicos (trambiqueiros, embusteiros, mandrakes) que utilizam a habilidade com dados e planilhas para mostrar um “resultado” mágico.
Para um empreendedor que cria um negócio, é sempre prazeroso ver resultados positivos de sua empreitada, e por este desejo se torna facilmente enganado. Da mesma forma, um endividado adora ver dados que lhe digam que há saúde financeira, mesmo que na verdade a situação não seja tão positiva assim. Estes adoram ser enganados e fazem de tudo para se auto enganar. Comum.
Para um investidor o resultado Ebitda é a grande magia da contabilidade de seus investimentos e por esta razão são capazes de manipular dados, fatos e opiniões para elevar seus resultados. A famosa gestão deletérios, vista há pouco na gestão das lojas Americanas.
Enfim, magia é um dom sobrenatural da humanidade que lhe dá poderes de transformar coisas e realidades a seu Bel prazer ou vontade, já a mágica é a arte da trapaça, desenvolvida por aqueles que tem um propósito não tão sublime, mas quando apresentados com habilidade convencem até mesmo o mais incrédulo dos contadores.
Olhar dentro do balde continua sendo a única maneira de se saber se temos água para nossa empreitada. Olhe dentro do balde, não confie em planilhas criadas para te iludir. Isto vale para a tua religião também. O caminho existe. O caminho é Associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração