Associativismo: precisamos, então por que resistimos?

Associativismo: precisamos, então por que resistimos?

Por Gilmar Denck

O associativismo é uma ferramenta poderosa de transformação social, econômica e pessoal. Ainda assim, muitas pessoas resistem a ele. Mas por que isso acontece?

Um fenômeno psicológico pouco discutido, mas muito presente, ajuda a explicar: trata-se da redução de complexidade, ou da chamada heurística da representatividade. Em resumo, nossa mente tenta simplificar situações complexas, focando em elementos que parecem mais típicos ou representativos. Isso pode ser útil no dia a dia, mas também nos leva a julgamentos imprecisos e decisões enviesadas.

Por exemplo, ao ver alguém com roupas religiosas, presumimos rapidamente sua fé, sem considerar outras facetas. Esse mesmo mecanismo se aplica ao associativismo: ao pensar em se associar, muitos avaliam superficialmente o grupo com base em estereótipos ou experiências passadas. Isso gera uma resistência inicial, muitas vezes injustificada.

Além disso, vivemos numa cultura marcada pelo individualismo. A ideia de pertencer a um grupo pode parecer uma ameaça à liberdade pessoal, à autonomia e ao controle sobre decisões. Há também o medo do desconhecido: a interação social e os compromissos coletivos geram ansiedade, principalmente em quem já teve experiências negativas em grupos.

E não podemos ignorar o viés de confirmação, que nos leva a buscar apenas informações que confirmem nossas crenças anteriores — inclusive sobre associações.

Contudo, o associativismo é justamente o caminho para lidar com os desafios contemporâneos. Ele proporciona conexões humanas reais, desenvolvimento pessoal, aprendizado contínuo e força coletiva para reivindicar direitos e construir soluções. Como mostra o Sistema OCB, cooperativas e associações têm sido pilares fundamentais para o crescimento sustentável de comunidades no Brasil e no mundo.

Muitas lideranças, preocupadas com o desligamento de membros, tentam resolver o problema oferecendo benefícios materiais. Embora importantes, eles não são suficientes. O que realmente motiva a permanência é o propósito — claro, tangível e conectado às necessidades reais dos associados.

No associativismo, esse propósito pode ser multifacetado, mas nunca deve ser intangível. É preciso estruturar as frentes de atuação de forma acessível, conectando o discurso à prática. Isso fortalece o engajamento e dá sentido à participação coletiva.

Associar-se é o caminho. Entender os motivos da resistência é o primeiro passo para superá-la. E você? Já pensou em se associar a uma causa, grupo ou entidade com a qual se identifica?

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