Gilmar Denck
No coração da cidade, erguia-se o majestoso templo. Suas colunas de mármore pareciam tocar os céus, e o povo se reunia ali em busca de conexão com o divino. Mas, como em todas as histórias, havia mais do que pedras e altares naquele lugar sagrado.
Na manhã ensolarada, Jesus entrou no templo. Seus olhos, que viam além das aparências, captaram a agitação no pátio. Bancas de madeira se alinhavam, e mercadores gritavam suas ofertas. Pombas, ovelhas e bois eram vendidos como oferendas. O dinheiro trocava de mãos, e o sagrado se misturava ao profano.
Por que Jesus expulsou os vendilhões? Sua ira não era cega; era justa. Ele viu a ganância, o oportunismo e a exploração. O templo, casa de oração, havia se tornado um mercado barulhento. Os cambistas lucravam com a fé, e os fiéis eram espoliados. Jesus não suportou a profanação da casa de seu Pai.
A visão mercantilista, que valoriza o lucro acima de tudo, havia se infiltrado na sociedade. O mesmo espírito que impulsionava os vendilhões agora corroía os alicerces da Igreja. Os líderes religiosos acumulavam riquezas, vendiam indulgências e negociavam com Deus. A fé se tornara uma moeda de troca.
O Seproc, Serviço de Proteção ao Crédito, outrora um farol de esperança, também sucumbiu. As almas sedentas por conhecimento foram relegadas a números e estatísticas. A educação, antes um caminho para a luz, agora era um balcão de negócios. A visão mercantilista minava a essência do Seproc, deixando-o vazio e desprovido de propósito.
Nossas instituições também sofrem. A política, a saúde, a cultura – todas são afetadas pelo vírus do lucro desmedido. Os líderes, como os vendilhões, priorizam seus interesses pessoais. A integridade é sacrificada no altar da conveniência. A sociedade, como o templo profanado, está em perigo.
Mas há esperança. Assim como Jesus expulsou os vendilhões, podemos reavivar o espírito verdadeiro. A fé não deve ser mercadoria; deve ser luz. O Seproc pode renascer, e nossas instituições podem ser restauradas. Precisamos olhar além dos balcões e encontrar o sagrado em cada alma.
Que a visão mercantilista não nos cegue. Que possamos purificar nossos templos internos, rejeitando a ganância e abraçando a compaixão. Somente assim construiremos e preservaremos o que é verdadeiramente valioso.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração