Gilmar Denck
Você já reparou que o associativismo é como um delicado equilíbrio em cima de uma linha tênue , em cima da qual encontramos os que possuem um propósito comum?
No entanto, é exatamente esse propósito que muitas vezes contradiz a intuição, os desejos pessoais e os interesses individuais. É como se o tripé do mal se erguesse, desafiando a lógica e a natureza humana. Se opondo ao conceito do associar tentando destruí-lo ou transformá- lo em direção a seus desejos e interesses, transformando entidades em empresas ou cartórios dos interesseiros.
Vamos analisar este tripé do mal.
Contra a Intuição: quando nos associamos, somos convidados a olhar além do nosso instinto natural de autopreservação. A intuição nos diz para cuidar de nós mesmos, proteger nossos interesses e evitar conflitos. No entanto, o associativismo nos pede para pensar coletivamente, para considerar o bem-estar do grupo, mesmo que isso signifique sacrificar nossas preferências pessoais.
Contra Desejos: os desejos individuais muitas vezes nos impulsionam na direção do egoísmo. Queremos mais, queremos melhor, queremos para nós mesmos. Mas o associativismo nos desafia a compartilhar, a colaborar e a trabalhar em prol de objetivos maiores. É como se disséssemos aos nossos desejos “aqui, você não é o único mestre”.
Contra Interesses: o associativismo é um campo de batalha para interesses divergentes. Cada membro traz consigo suas próprias motivações, suas próprias agendas. E, no entanto, a associação exige que esses interesses individuais sejam harmonizados em prol do bem comum. É uma dança delicada entre o “eu” e o “nós”.
Nesse cenário, o desafio reside em encontrar o equilíbrio entre o individual e o coletivo. É como se estivéssemos em um cabo de guerra constante, puxando para um lado e para o outro. Mas talvez seja nesse embate que encontramos a verdadeira força do associativismo: na capacidade de superar a intuição, transcender os desejos e conciliar os interesses para construir algo maior do que nós mesmos.
Portanto, que o tripé do mal se curve diante da coragem daqueles que escolhem associar-se, mesmo quando vai contra tudo o que a natureza humana nos diz. Pois é nesse desafio que floresce a verdadeira comunidade, a verdadeira cidadania e a verdadeira transformação. O caminho é Associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração.