Gilmar Denck
Há mais de 2500 anos, desde os primórdios dos negócios, usuários têm afirmado que o capital é a essência de toda empreitada. No entanto, essa crença, embora persistente, não passa de um dos insumos que impulsionam o mundo dos negócios.
Na mesma linha, empreendedores frequentemente atribuem a essência ao conjunto de ideias audaciosas e à coragem necessária para transformá-las em realidade. Mas, assim como o capital, esses elementos também são apenas insumos.
Os empreendedores modernos, por sua vez, depositam sua fé na disrupção e na inovação como a verdadeira essência. No entanto, mesmo a disrupção é apenas mais um insumo no grande ciclo da produção.
Para fornecedores e agricultores, a essência reside na matéria-prima que cultivam e fornecem. No entanto, essa matéria-prima também é apenas um insumo. Os fabricantes, por sua vez, veem a essência na mecanização, na automação de processos. Mas, no fundo, essas máquinas são apenas ferramentas.
Os gestores e intelectuais acreditam que a essência está no conhecimento, nas receitas e manuais que guiam a produção. No entanto, esses processos também são apenas insumos.
Até os doutores acadêmicos veem a essência no conhecimento que acumulam. Mas esse conhecimento, afinal, é apenas uma forma de tecnologia.
E o que dizer dos trabalhadores? Para eles, a essência está na mão de obra, na habilidade de colocar em prática o que foi planejado. Mas essa mão de obra é, no fim das contas, apenas uma ferramenta necessária.
A verdadeira essência, no entanto, transcende todas essas partes isoladas. Ela reside na energia coletiva que une todos esses elementos. É essa energia que forma a base da produção de tudo aquilo que precisamos e desejamos.
A super valorização de cada componente individual é fruto de uma competição que, infelizmente, muitas vezes deteriora a evolução da humanidade. Reconhecer a interdependência e a força da energia coletiva é o primeiro passo para uma produção mais consciente e sustentável.
Que possamos lembrar sempre que a essência está na união de todos, na sinergia que nos impulsiona para frente.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração