Gilmar Denck
Basicamente os governantes utilizam-se de todas as atividades humanas para arrecadar impostos. Começam tributando o trabalho (sobre a folha de pagamento incidem impostos), tributam a renda, tributam a produção, a distribuição, a comercialização e até o consumo, por fim tributa o lucro e as propriedades. Enfim, toda relação ou atividade humana é passível de tributação.
Claro que tudo isto tem um propósito. Toda casa que abriga pessoas precisa de ordem, manutenção e proventos. A nossa grande casa, a sociedade, é mantida por nós, os moradores e ou usuários de todo o sistema social, e por usufruir dele é nosso dever gerar recursos para a sua manutenção.
Desta forma, basicamente tudo o que produzimos serve para atender nossas necessidades, nossos desejos e para manter a nossa grande casa. O grande debate mundial e histórico sempre vai na direção das formas de arrecadar e na definição da parte daquilo que produzimos que deve ser repassado aos nossos funcionários públicos eleitos para cuidar do patrimônio social.
Quanto precisa e para que precisa?
O quanto é sempre complexo, mas basicamente para que pagamos é fácil explicar, pois na grande casa precisamos de saúde para produzir, segurança para produzir, educação para produzir mais e melhor, precisamos também de infraestrutura para que tudo funcione, e ainda para fazer tudo isto funcionar precisamos da estrutura do estado. Para tudo isto precisamos muita grana, portanto nosso dever social (todos nós) devemos produzir muito.
O grande problema é quando a conta não fecha, quando falta grana para pagar as contas. O que fazer? Reduzir os gastos com saúde, segurança e educação comprometendo o futuro? Reduzir os gastos com infraestrutura e comprometer a produção? Reduzir os gastos com a estrutura de estado? Esta seria ideal, mas quem tem poder para isto, pois mexe diretamente com interesses de milhões de pessoas, que votam e mantêm partidos no poder?
Este aqui já é um grande desafio para a sociedade, mas vamos além. As causas do desequilíbrio (porque falta dinheiro). Basicamente a falta pode ser explicada sempre pela incompetência da gestão pública. Não sabemos ou não dedicamos atenção suficiente para a cousa pública. As causas do desequilíbrio se dão por 3 fatores principais: gastos públicos sem freios; corrupção; sonegação.
O primeiro é causado pela volúpia humana que destrói os escrúpulos da honestidade e dizima a noção de solidariedade a qual deveria ser o valor máximo na coisa pública.
O segundo vem na mesma linha do primeiro e nasce da competição entre os seres humanos que não medem esforços para serem melhores que os outros e assim perdem o limite da razão e da honestidade. Por isto dizemos: “a competição é a mãe da corrupção”.
O terceiro fator, a sonegação, se dá pelo mesmo motivo da corrupção, desonestidade, porém acrescido de um falso direito de vingança que o autor utiliza para se auto justificar: já que o corrupto vai roubar dos cofres públicos, é meu direito salvar a minha parte. Este para mim é o desonesto em dose dupla.
A esta altura o leitor deve estar se perguntando: “tá, mas e daí? O que posso fazer?”.
Responder-te-ei, com direito a mesóclise, a solução está na mão do dono. São os olhos do dono que engorda os porcos. Lembre sempre disso. A sociedade é nossa, portanto somos “nós” que devemos cuidar.
O primeiro passo é tomar consciência do “nós”, eu mais você mais eles, nunca o “nós contra eles”, propositalmente plantado pela classe política com propósito único de mantê-los no poder.
O segundo passo é entender como posso participar civicamente (como cidadão) desta vigilância e assim combater os males que geram a miséria na nação. Sonegação se combate pedindo nota fiscal em tudo.
Corrupção se combate participando das entidades civis para influenciar e monitorar os atos públicos. O mesmo efeito só é possível sobre os gastos públicos quando em maioria estamos fortalecendo nossas entidades enfraquecendo o poder dos partidos políticos.
O caminho existe, ou seguimos ou pagamos a conta com inflação e recessão, que são impostos pelo mesmo governo quando a conta não fecha. Não temos escolha, ou cuidamos ou pagamos. O caminho existe. O caminho é Associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração