Gilmar Denck
Uma associação tem como objetivo central unir e congregar as pessoas em torno de um objetivo. Diferente do que muitos pensam ou acreditam, a unidade pretendida é em torno de objetivos e projetos. Portanto, não há necessidade de eu gostar de quem participa, não irei casar ou dormir com os parceiros associados. É necessário portanto muito respeito para saber ouvir e respeitar opiniões divergentes.
Quando entendemos este princípio estaremos prontos para entender a sua atuação, caso contrário nos perderemos num conjunto de ações, que podem até ser interessantes, mas que no fundo servem apenas para “inglês ver”.
Uma associação está baseada em 4 grandes áreas, a saber: Associar, desenvolver a cultura associativa, a cultura da cooperação, desenvolver a solidariedade. Este é o principal papel; institucional, desenvolver a democracia, fazer com que todos participem ativamente da vida pública e política da cidade. Envolver todas as pessoas da entidade em sistemas de núcleos que convirjam para dentro dos conselhos municipais e assim afetam a vida pública.
Soluções, através do efeito de redução de custos e ampliação de ganhos que o Associativismo pode trazer num movimento de economia de escala, a entidade deve buscar soluções que melhorem a performance dos associados ao mesmo tempo que ofereça vantagem financeira pela congregação de forças. Lembrando que empreender não é função de uma entidade; gestão de entidades, pessoas, processos, jurídico, estatutos, patrimônio, financeiro são atributos gerenciais e não estratégicos que devem ser rigorosamente controlados por trata se de patrimônio e recurso alheio. Austeridade e transparência são quesitos básicos, até para servir de modelo para a gestão pública. Um conselho fiscal deve estar atento a estes princípios.
Assim, com equilíbrio entre as áreas, a gestão deve focar sua atenção no Associativismo e entender que a busca de união tem propósito definido: “Desenvolver o empreendedor para que este desenvolva o segmento em que atua”.
Questões de gestão de empresas podem estar na área de soluções e são sempre bem vindas, mas não podem ser o foco da entidade, pois melhorar uma empresa significa melhorar sua competitividade, enquanto que o Associativismo busca a cooperação que traz maiores e melhores resultados para toda comunidade. Isto não significa que a empresa deva abrir mão de sua gestão, pelo contrário, a gestão é o cerne da sobrevivência, entretanto o foco do empreendedor deve estar além de sua empresa, ou seja, no seu negócio, no seu segmento.
A lide diária de um gestor deve estar centrada nos desafios da empresa atendendo os interesses do empreendedor, do investidor e dos empregados de forma atender os interesses do mercado (produtividade).
Já a lide diária do empreendedor deve estar centrada no desenvolvimento do negócio, do segmento e sua rotina deve estar ligada a network, pesquisas, relacionamentos para: descobrir quais oportunidades de negócios existem no segmento que ainda não estão sendo exploradas. (há muita grana e negócios em potencial pouco explorados). Aqui os comitês podem ser a grande ferramenta de descoberta além do tino individual; a descoberta de novos negócios através da intercooperação com outros segmentos. Aqui a gama de oportunidades é maior ainda, e somente quem está envolvido neste movimento é capaz de enxergar. Aqui as rodadas de negócios e encontros empresariais podem fazer a diferença.
Imagem do segmento: observar, entender e definir através dos meios democráticos o funcionamento ideal, produtivo, justo e transparente das regras do segmento. Não podemos compactuar com a entrada de mercenários, piratas nem com baixo profissionalismo de quem atua no segmento. Esta é uma construção difícil, porém não impossível, mas extremamente necessária.
Negócios: faturar não é tudo na empresa, mas sem faturar não existe nada, e em tese, quanto mais melhor. Aqui rodadas de negócios, feiras, eventos podem exponenciar toda a cadeia produtiva de um segmento ou de vários quando há intercooperação.
Por fim, a representatividade plena através da organização institucional da entidade para ampliar a força da voz de cada segmento que atua na cidade, influenciando e impactando nossas leis e nossa economia.
Portanto, é fácil perceber que o caminho da prosperidade depende sempre do empreendedorismo, mas somente com ações cooperativas e associadas poderemos almejar um ambiente produtivo, com muita inovação e muitas oportunidades para todos. Associar é o caminho. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração