Gilmar Denck
Por mais incrível que possa parecer, a resposta está na intenção muito mais do que na forma de fazê-lo. Para quem conhece a história de Pedro Malazarte sobre a fórmula mágica que ele encontrou para ficar rico e ao mesmo tempo acabar com a pobreza do mundo, conseguirá entender o que estou falando, porém para os outros talvez seja muito mais difícil e assim deseje permanecer na mediocridade da disputa entre as ideologias de direita e esquerda.
Vamos lá. A economia nada mais é que a soma de relações entre produção e consumo. Todo ser vivente é consumidor de alguma coisa, seja por necessidade ou por desejo, sempre consome. Por isso precisa produzir algo para oferecer em troca. Isto é economia. O dinheiro nada mais é que o papel de troca para facilitar as transações. Ele não existe e não pode ser criado, apenas controlado por um agente. Nosso caso é o BC.
Economia perfeita acontece quando a produção atende a demanda ou no lado inverso o consumo absorve a produção. Com produção abaixo temos inflação. Produção acima deflação. Se BC imprimir dinheiro ou liberar crédito acima da produção, também a inflação. Se o governo gasta mais que arrecada, também a inflação.
E lembre- se: inflação é o imposto que todos pagam, mas maltrata mais desproporcionalmente que menos ganha. Portanto cuide se. Voltando a economia (relações de troca) todo ser vivente por consumir deve produzir (respeitando as limitações) ou vai depender de quem produz. Simples assim, diria Tolstoi.
O crédito foi a grande invenção humana que antecipa o resultado da produção futura para o presente, transformando o futuro em moeda corrente. Assim, o agente BC ao diminuir as taxas de juros ao mesmo tempo que reduz as dívidas do governo promove uma injeção de dinheiro novo no mercado aumentando o consumo e aumentando a arrecadação. Que maravilha, não é? Não. Absolutamente não.
Veja, o crédito é uma antecipação da produção do futuro, portanto todo aquele, seja uma pessoa, uma empresa ou uma nação que antecipa o futuro através do crédito deverá no futuro aumentar a produção ou reduzir o consumo.
Portanto, se a redução de juros for para aumentar o crédito para financiar a produção, perfeito. O futuro está assegurado, mas se pelo contrário a liberação de crédito for apenas para aumentar o consumo, teremos apenas uma falsa prosperidade. Atende o desejo de governantes populistas e dos insensatos que adoram o pão e o circo sem se preocupar com o futuro, acreditando que quando a conta chegar Deus proverá. Para começar nem acreditam em Deus, porque se acreditassem teriam juízo, e depois Deus nunca pagou a conta de ninguém.
Assim, o crédito é uma ferramenta de impulsão da economia, mas precisa ser controlado a ponto que promova o aumento da produtividade e não comprometa a nação muito menos as pessoas.
Governos populistas adoram o crédito, pois uma vez liberado ativa a economia, aumenta a arrecadação e aumenta a sensação de felicidade da nação, que não percebe que é uma sensação efêmera, e quando passa os reflexos são perversos e costumam terminar em convulsões sociais, onde pobres acusam os ricos de serem gananciosos portanto culpados da recessão e os ricos acusando os pobres de não terem aumentado a produtividade portanto culpados da recessão. Neste cenário não há como se sair bem, a não ser aqueles que manipularam a situação para se posicionar como salvadores e saírem ilesos da culpa e geralmente com muito dinheiro no bolso.
Deus nos deu inteligência e músculos, porém é necessário exercitá-los para não atrofiar. Sem eles poderemos até fazer festa por um momento, mas quando a conta chegar não teremos força para o levante. Pense nisso. O caminho existe. O caminho é Associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração