Gilmar Denck
Já percebeu que um automóvel adquirido zero km e dirigido apenas pelo proprietário costuma chegar aos 100.000 km sem apresentar problemas mecânicos? E um mesmo automóvel entregue nas mãos de funcionários (não generalizando, mas em sua maioria) não chega a 40.000 km sem apresentar diversos pontos para reparos?
Isso começa pela durabilidade dos pneus. Mas onde está a diferença? Simples, lembra do velho e bom ditado que diz que são os olhos do dono que engordam a porca? Pois bem, tudo aquilo que é seu, de uma forma ou de outra, te leva à paixão, e esse amor faz com que você cuide com carinho em cada detalhe. O dono cuida melhor do que qualquer outra pessoa.
No mundo empresarial, é comum o dono contratar um gestor, e este, por melhor que seja, nunca terá o olhar do dono (visão), único capaz de levar o negócio adiante no tempo. Um bom gestor assegura o momento, mas a longevidade depende da visão do dono.
Um aspecto que preocupa e que precisamos alterar urgentemente é: a quem pertence a nossa cidade? Ao gestor prefeito ou ao dono cidadão? Mas se o cidadão não sente que é dono e deixa nas mãos do gestor, o que acontece? Simples, a resposta é: terá uma boa gestão, mas nunca uma boa visão. Mas eu, como cidadão, devo me preocupar com os detalhes da minha cidade e todos os seus problemas? Sim, mas como se são tantos os problemas? Simples também, sou dono, mas tenho muitos sócios.
A grande sacada é dividir as tarefas, e isso se faz em fóruns específicos da tão badalada sociedade civil organizada, com suas associações, igrejas, sindicatos e conselhos. A questão ainda impera no quesito propriedade: quem é o dono da entidade? É e deve ser sempre o colegiado de “todas” as pessoas, sem discriminação, que compõe aquele fórum.
Não sentir ou não entender que você, e apenas você em conjunto com o colégio de pessoas e quem deve cuidar já é um grande problema. E quando somado ao sentimento natural das pessoas de desejarem o pão e o circo acima do bem pessoal, acabam por formar o ambiente ideal para a exploração dos lobos criadores de ideologias que prometem solução mágica onde você não precisa fazer nada além de confiar no lobo.
Tudo na vida é uma escolha, você pode optar por cuidar ou não do que é seu, porém as consequências nunca serão opcionais. Ou você cuida ou a coisa vai ser destruída. Pense nisso. O caminho existe. O caminho é associar. Vamos trilhar.
O autor é um empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Ele é formado em Filosofia e Administração.”