Gilmar Denck
Costumo brincar que um automóvel quando adquirimos não é costume ler o manual antes de usar. Afinal carro é carro e foi feito para andar e se sei fazer andar já sei quase tudo. Certo?
Uma série de problemas resultam desse jeito de querer aprender fazendo, tão natural dos latinos. Mas o que dizer sobre o nosso maior equipamento que herdamos de nossos pais ao nascer? Um corpo vivo, com hardware poderoso capaz de assimilar milhares de softwares durante a vida. Porém, vem sem manual. Ao longo da vida, após experiências, aprendizados e vivências, criamos uma série de crenças e ideologias que, para aliviar as angústias existenciais, costumamos afirmar como verdadeiras. Quem garante? Hehe.
De uma forma inconsciente ou derivada das experiências vividas sabemos que a resolução de quase a totalidade de nossos problemas é resolvida na coletividade, num sistema de cooperação mútua. Isto é natural, sabemos disso.
Vez ou outra, quando deparamos em situações de difícil resolução para um grupo ou segmento social, buscamos num primeiro momento um culpado, para aliviar a tensão ou tentar resolver tentando eliminar o culpado. Num segundo momento buscamos uma liderança heroica para nos auxiliar. Prato cheio para o sistema partidário que está sempre pronto. Hehehe. E somente num terceiro momento é que damos conta que a solução está em nós e nunca em terceiros. Neste momento sentimos a necessidade de organizar o grupo. É preciso regra. É preciso ordem. Assim sendo, queremos criar uma entidade. Nossa. É um desejo natural que surge da necessidade, mas é embalada pelo ego, que traz um desejo de deixar um legado. Ser um herói.
O que me assusta é ver pessoas com bom nível de inteligência desejando criar entidades novas onde já existem aquelas em funcionamento, mas que, segundo eles, não estão funcionando, e em vez de consertar o que existe é melhor criar uma nova. Geralmente incentivados por ideologias políticas que sobrevivem da divisão de ideias na sociedade, acabam por onerar duplamente a sociedade ao fundar uma nova entidade.
Por que onerar duplamente? Primeiro porque os custos serão dobrados e injustificados e segundo porque ao invés de dividir as tarefas acaba dividindo as forças. A solução é associar, não dividir. Ideias diferentes se constituem no maior tesouro de uma coletividade. Para que evitar? O caminho existe. O caminho é Associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração