Gilmar Denck
No capítulo passado vimos que as crenças limitam a evolução humana por impedir de enxergarmos o diferente, mas por outro lado, uma crença forte pode fundamentar um desejo imenso que pode se tornar um objetivo de vida. Isto pode ser muito mais poderoso do que imaginamos e pode transformar a vida de uma pessoa, de uma comunidade, de uma nação ou até a história da humanidade.
Um pequeno exemplo está na vida e obra do saudoso Rei Pelé, o atleta do século XX. Todo o seu feito pode estar relacionado a uma crença e um desejo desenvolvido na sua infância.
Está na sua biografia o trecho onde ele conta que no fatídico dia em que a seleção brasileira perdeu a decisão da Copa do Mundo para a seleção do Uruguai em pleno Maracanã. Saiu na frente, mas acabou perdendo por 2×1, naquele triste dia para o futebol brasileiro que ficou conhecido como “Maracanazo”.
Apenas mais uma final de copa com final infeliz para o Brasil, será? Naquele dia na cidade de Três Corações, seu Donda, torcedor apaixonado pela seleção, foi aos prantos no final da partida. Seu filho Edson, de 9 anos, sentiu a dor do pai, puxando pela camisa, disse: “Papai não chore, eu vou ganhar esta copa para o senhor”. Oito anos depois, Pelé, com 17 anos, traria a 1ª conquista de uma Copa ao Brasil. 12 anos depois ele conquistou definitivamente a Copa Jules Rimet para o Brasil.
Este foi apenas um dos grandes feitos deste menino que se tornou lenda viva, até ano passado, do futebol. Quem o viu jogar sabe do que estamos falando. Sua genialidade, sua ginga e sua alegria com a bola nos pés até hoje é insubstituível, mas quem jogou com ele afirmava que ele jogava muito com a bola nos pés, mas jogava muito mais sem ela. Era ele quem organizava o time em campo. Era ele quem trazia motivação e garra a toda a equipe. Era ele que busca resiliência e arrastava a todos na crença que podiam vencer sempre. Mesmo quando a situação parecia perdida.
Num outro trecho de sua história contam que numa partida no Maracanã, Santos x Vasco da Gama, onde o time do Santos precisava de um empate, mas aos 40 minutos do segundo tempo o Vasco estava ganhando do glorioso Santos por 2×0, quando o Pelé passou andando entre dois zagueiros, ouviu quando zombaram dele, ao falar um para o outro: “ei, você ouviu falar que um rei estaria no jogo aqui hoje?” Risos. Dois minutos depois a bola caiu nos pés de Pelé, que driblou uma meia dúzia de zagueiros e anotou o seu primeiro gol na partida. Um minuto antes de terminar, de novo. 2×2. No final, Pelé teria pego a bola e entregue ao zagueiro e o zombou, dizendo: “leve esta bola para tua mãe, diz a ela que foi o Rei que enviou”, risos.
E claro, como tudo na vida, ele não fez nada sozinho. Todos os seus títulos ele deve a sorte de estar no lugar certo, na hora certa, com os companheiros certos, que com toda certeza foram atraídos por sua grande paixão pelo futebol.
Esta história mostra que precisamos sim acreditar em alguma coisa e ter um propósito firme em nossa vida. Isto não deixará nada mais fácil, mas com certeza tornará tudo possível. O caminho existe. O caminho é Associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração