Gilmar Denck
É notório o aumento das discussões ambientais e as preocupações com o impacto das mudanças climáticas em diversos setores, como também é crescente a preocupação com as tensões e conflitos que podem gerar problemas na cadeia produtiva. Com isto o alerta sobre a importância dos temas ESG para a continuidade das empresas começa a fazer mais sentido e não apenas um grito no vazio dos famosos ecochatos de outrora.
É possível constatar que o mundo, as pessoas, e em especial o mercado está atento e começa acompanhar essa necessidade de informações e a crescente importância da atuação das empresas em temas ESG para a geração de valor.
Até então as empresas traziam em seu bojo de responsabilidade social as obrigações de produzir impostos, gerar empregos e renda, produzir um bem para a sociedade, gerar lucros para rentabilizar o capital, reinvestir no negócio e premiar o risco de investidores, evoluindo nos últimos anos entendendo sua influência e impacto no entorno social, ambiental, cultural, econômico e até político.
É neste último quesito de suas responsabilidades que ao que tudo indica as empresas começam a despertar para o ESG e entender que a atividade econômica, além da responsabilidade de ser a essência da economia e da vida neste planeta, deve avaliar a atuar na forma como impactam o entorno social (não só bem produzido na produção do objeto de seu CNAE, mas também como a condução do negócio é capaz de gerar riquezas em cadeia, impactando todo o sistema), como impacta no ambiental (hoje a consciência que apenas cuidar para não afetar deve evoluir para a consciência da sustentabilidade provocando uma evolução do ecossistema ambiental) e por fim, como célula essência da economia atuar politicamente, primeiramente demonstrando transparência em seus atos e na sequência influenciar os sistemas de governos, para que a gestão focada na austeridade e no propósito social se torne endêmico.
Relatórios de ESG recém lançados no Ibovespa mostram uma pesquisa que traz um mapa de como as empresas têm divulgado informações de sustentabilidade aos seus acionistas, consumidores, mercado e stakeholders em geral, e o interessante é perceber que mesmo não sendo obrigatório, o número das companhias que apresentaram relatórios de sustentabilidade vem aumentando.
Este despertar vem talvez em convergência com o avanço das tecnologias e a velocidade das informações nitidamente democratizadas na maioria dos países onde maioria das pessoas recebem em tempo real notícias do mundo todo, gerando assim uma sociedade mais atenta, com um nível de compreensão maior que está nos levando a entender que estamos aqui para cuidar das pessoas, uns aos outros e juntos cuidando do nosso lar, o nosso planeta.
Oxalá, na mesma toada a humanidade retome a evolução adquirida da pré-história, onde descobrimos que caçar juntos era infinitamente mais econômico em questões de tempo e de energia, como infinitamente mais seguro, além de extremamente mais produtivo. Que ao estabelecer os núcleos sociais lentamente fomos direcionados à competição, mãe da corrupção e madrinha da miséria, que nos absorve de corpo e alma na busca insana por um lugar de sucesso efêmero e de pouco sentido prático.
Acordar para a grandeza e o valor da cooperação, mãe da prosperidade e madrinha da felicidade, tenho certeza será apenas o próximo passo. o caminho existe, o caminho é associar. Vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração.