Sticky

A história e suas lições… Será?

Todos nós, em maior ou menor grau, carregamos um defeito genético em relação aos fatos da história. Quase que em maioria, preferimos idolatrar líderes que ouvir suas mensagens. Não sei ao certo porque isto ocorre, mas perceba que é quase inevitável. É como se ao colocar o líder em um patamar superior de alguma forma estamos desobrigados de aceitar sua filosofia, bastando apenas aceitar ou admirar suas atitudes, mas que seria fácil para ele que é diferenciado, nem tão fácil para nós simples mortais.


Vamos citar alguns fatos, que mostram que adoram idolatrar líderes acima dos fatos, pois de alguma forma, eles, ao vencerem algum mal que assola a humanidade, se mostram ou se apresentam como vingadores, e não sei porque, adoramos vingadores. Talvez por este motivo políticos em tempos de eleições buscam mostrar suas bravuras e venderem a imagem de heróis.
Foi assim com Confúcio, filósofo chines que venceu e ensinou a vencer a miséria pela educação. Foi assim com Sidarta Gautama que venceu a depressão através da meditação e do uso da consciência. Foi assim com Jesus que venceu a morte, mas sua filosofia que era muito mais que caridade ao mostrar que repartir o que se tem produz muito mais retorno, o tal efeito exponencial da partilha dos pães que muitos ainda preferem atribuir a um poder metafísico do que aceitar esta ordem universal.


Poucos entendem, mas a verdade é que quem divide, soma e multiplica. Depois dele, a ousadia de Colombo de contestar as crenças e se lançar em um mundo redondo, descobrindo as américas, trazendo esperança e prosperidade ao mundo ocidental. Mais recentemente temos o grande general Winston Churchill que venceu o nazismo e ficou célebre quando afirmou que a democracia é o pior sistema de governo, com exceção a todos os outros, numa clara alusão que o mundo precisa buscar a democracia a todo custo.


Desde os gregos amamos e admiramos a democracia, mas Caio Júlio César percebeu que apenas a idolatramos, mas no fundo mesmo queremos pão e circo. Eu diria mais, no fundo mesmo queremos pão, circo e um vingador, talvez por isso amamos nossas religiões, seja ela qual for, mas democracia dá muito trabalho, deixamos isto para os outros e ao empoderá-los, damos-lhe poderes para vender nossa alma a quem pagar mais.


Na mesma toada de fim de guerra em 1945 a humanidade parou e refletiu, afinal o que causou e poderia causar guerras tão violentas iguais às que acabaram de passar? Entre as reflexões surgiu a ONU, a organização das nações unidas para pensar e promover a paz mundial. Entre suas reflexões perceberam que “a guerra” é sempre a mesma guerra, ou seja, indistinto de tamanho, local ou época todas sem exceção surgem pela competição que começa inocentemente, mas na linha do tempo toma proporções absurdas chegando ao cúmulo de deturpar valores, pois na competição os fins justificam os meios, na melhor visão de maquiavel.


Para combater este pano de fundo a ONU entendeu que para promover a paz seria necessário primeiro entender que ela não existe em si mesmo. É um conceito como o escuro ou o frio que também não existem. Frio é distância do calor e escuro é distância da luz, ao mesmo tempo que paz é apenas ausência de fome, dor e conflitos. Não há como combater a miséria e a fome, podemos apenas promover prosperidade. Já a dor pode até ser combatida, mas mais eficiente seria promover a prevenção, enquanto que os conflitos só podem ser combatidos através da ausência do espírito de competição acirrada e substituído pelo espírito da cooperação.


Desta forma a ONU instituiu e passou a disseminar programas de desenvolvimento econômico, pois somente através da energia empreendedora é que somos capazes de produzir riquezas e somente através da cooperação podemos exponenciar a produção de riquezas ao mesmo tempo que através dela conseguimos evitar desigualdades.


O poder da cooperação não é novo, não é inovação nem descoberta recente. Indícios de ossadas encontradas pela antropologia nos mostram que os ancestrais do homo sapiens já tinham desenvolvido a cultura da cooperação há centenas de milhares de anos, para reduzir custos de energia em suas caçadas aumentando a produtividade e o efeito de felicidade ao caçar em conjunto, eis a cooperação nos primórdios da humanidade.


Por defeito genético, por ignorância ou pura ingenuidade preferimos ostentar troféus de conquistas advindas de uma competição sem nexo e sem sentido que fatalmente nos leva ao círculo da burrice que gera os problemas que afetam a sociedade, retornando seus efeitos sobre todos nós, e assim, fechando os olhos para a única solução: a cooperação. O caminho existe. O caminho é associar. Vamos trilhar.


O autor Gilmar Denck é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração

Leave a Comment

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com