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Responsabilidade social x negócio

Se perguntar a qualquer pessoa por aí qual a razão da existência de uma empresa, teremos respostas levemente diferentes em conteúdo, mas quase todos responderão que servem para o dono ganhar dinheiro. A resposta não está errada e não tem mal nenhum nisso, porque a nossa função enquanto indivíduos sociais, é exatamente essa, sermos produtivos e ganhar dinheiro, pois quando se ganha dinheiro de forma honesta e transparente é sinal que estamos produzindo um bem para a coletividade.


Porém, o papel de uma empresa vai muito além. A primeira função de um CNPJ foi instituída pelo senado Romano há mais de 2500 anos e tinha como objetivo central proteger os bens pessoais (o patrimônio do CPF) dos comerciantes como forma de estimular o comércio exterior reduzindo os riscos elevados que envolviam e desestimulavam o empreendedorismo. Afinal, quem investe quer ampliar patrimônio e não perder o que tem, não é mesmo?


Este foi o grande trunfo dos romanos que contribuíram com a prosperidade humana até os dias de hoje. Durante o decorrer da História, para organizar a sociedade, fomos percebendo a importância da atividade empreendedora para a manutenção e desenvolvimento das comunidades, e assim fomos descobrindo as funções sociais da empresa. Em síntese, o negócio de uma empresa tem a ver com o que ela produz. Qual o bem ela produz para a sociedade. Seja um produto ou um serviço. E tem a ver com a forma como ela produz, distribui e comercializa estes bens.


Tudo isto tem a ver com o negócio dela. E saber qual é o seu negócio impactará substancialmente em seu sucesso. Mas o negócio em si é uma questão interna de interesse imediato dos proprietários e tem a ver em como a comunidade aceita o bem produzido, ou ainda, como a sociedade reage ao modelo do negócio, enquanto que a empresa (ou atividade empresarial) tem muito mais a ver com sua função social. O porquê de ela existir.


Alguns autores discordam da ordem de importância das responsabilidades sociais da empresa, porém, mais do que a ordem, o importante é entender a sua função. Na nossa constituição a primeira responsabilidade social de uma empresa é a geração dos impostos, item fundamental para a sobrevivência da sociedade em que estamos inseridos. Depois, é unicamente das empresas a função de gerar emprego e renda à população (empregos gerados no serviço público são apenas decorrentes das atividades empresariais, portanto são as empresas que geram empregos diretamente em seus negócios e indiretamente na sociedade e nos serviços públicos).


Ainda é de responsabilidade das empresas a produção dos bens que precisamos (aqui surgem as oportunidades de negócios). Cuidar do entorno social, ambiental, cultural, econômico e político também é função social das empresas (costumamos delegar aos eleitos esta função, porém a eles cabe apenas a execução através dos recursos gerados pelas empresas, ou seja, eleitos são apenas funcionários com a missão de gerir e controlar os recursos gerados pelas empresas e pagos pelos consumidores).


E por fim, o lucro, muito além de premiar o risco do empreendedor, deve atender sua função social de rentabilizar o capital e ainda reinvestir na ampliação do negócio necessário à sobrevivência da sociedade. Assim, é de suma importância que as pessoas entendam a função social e o negócio de uma empresa.


No estatuto da Associação Comercial de Ponta Grossa consta, há muito tempo, como uma de suas atribuições disseminar na comunidade a função de uma empresa. Muito mais que um sonho, um objeto de prazer de seus donos, as empresas são a essência social capazes de promover a prosperidade da coletividade. Cabe a cada um de nós apoiar e incentivar toda e qualquer atividade empreendedora, comprando sempre que possível localmente e o mais perto de nossas casas, ao mesmo tempo que devemos entender sua essência transformadora, única capaz de produzir as igualdades sociais que tanto desejamos.


Apoiar significa cooperar. E cooperar não é ajudar de forma assistencial, mas é simplesmente é desejar e contribuir com a evolução daqueles que estão próximos a nós, deixando de lado nossos desejos mesquinhos, abortando egos para valorizar muito mais o sucesso coletivo que a olhos nus podem parecer menos brilhantes ou interessantes que os sucessos individuais. O caminho da prosperidade passa inevitavelmente pelo caminho da cooperação. O caminho existe. O caminho é ASSOCIAR. Vamos trilhar.

O autor Gilmar Denck é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração

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