Uma nova proposta ou uma velha proposta restaurada? Por milhares de anos a humanidade encontrou a prosperidade na exploração dos meios físicos a sua disposição na natureza, com uma incrível alavancagem após o advento Cristóvão Colombo que nos fez acreditar que no além mar poderíamos depositar esperança em dias melhores, afinal havia um amanhã e no que acreditar.
Hoje, quando parecia que os recursos naturais estariam se esgotando, segundo os cálculos de Darwin, a ciência tem provido a modernidade com algumas alternativas tecnológicas, descobrindo novos materiais e novas fontes de energia, acrescentando assim um terceiro recurso na natureza, o conhecimento. Mais do que nunca hoje entendemos o tripé dos recursos disponíveis, a saber: matéria-prima, energia e conhecimento.
Descoberto há milhares de anos, foi o conhecimento que nos tirou do paraíso, da caça e da coleta e nos trouxe até aqui, e é por ele que iremos além, muito além. Em tudo isso um dilema incomoda a humanidade desde o princípio da sapiência: a prosperidade. Somos capazes de produzir muita riqueza, mas ainda temos dificuldade encontrar meios de fazer com que elas cheguem a todos sem menosprezar o mérito, ao mesmo tempo sem coibir as oportunidades que geram o progresso para todos. A fórmula foi encontrada já entre nossos primeiros caçadores, que aprenderam que caçar juntos atribuía um melhor resultado com aplicação de muito menos energia e recursos. A cooperação sempre foi a base da evolução e da promoção do progresso econômico, em todos os tempos e lugares deste planeta.
Enquanto a competição parece nos levar a querer sempre mais e descobrir novas formas de produção, é somente na cooperação que encontramos sentido a tudo que fazemos e conseguimos exponenciar os recursos disponíveis de forma extraordinária que por vezes parecem extrapolar as leis naturais. Quem experimenta o associativismo sabe que na cooperação um mais um é sempre mais que dois.
Na cooperação governantes descobrem que ao abrir mão do poder estabelecido conseguem aumentar seu poder de influência sobre a comunidade. Empresários experimentam na cooperação uma incrível percepção de aumento de seu poder de negócios na medida inversa quando busca proteger seu mercado. Munícipes percebem o crescimento acelerado resultante de suas dedicações em prol de todos.
Não se trata de um mundo mágico, nem tampouco colorido, desenhado por idealistas sonhadores que almejam a utopia. Trata se sim de experiências valiosas desenvolvidas por comunidades e em comunidade implementadas. Exemplos clássicos com Essen e Bavária, na Alemanha pós guerra com as câmaras de oficio, as cidades do vale do Itapocu em Santa Catarina, com os núcleos setoriais do Empreender, Seattle e Jacksonville nos EUA, são apenas alguns de que quanto maior a cultura associativa de uma comunidade, maior será a taxa de crescimento econômico do município. A relação é simples, perfeita e inegável. O desenvolvimento desta cultura, desejada e necessária, é difícil e pouca compreendida.
Por este motivo, urge o estabelecimento de um ambiente que propicie o surgimento e o desenvolvimento de lideranças em casa segmento econômico de nossa cidade. Cabe aos governantes apoiar e participar do movimento associativo. Cabe aos empresários participarem ativamente do movimento. Cabe aos cidadãos compreenderem a tarefa e vocação de cada um de nós para colaborar e cooperar com o propósito. Cabe às instituições de ensino e Igrejas a educação associativista em todos os níveis e cabe às entidades associativas unirem-se em um projeto único em prol da prosperidade.
Assim, aquilo que pode parecer difícil poderá ser mais fácil e muito mais prazeroso que o imaginamos. Deixar cair os escudos da competição e levantar as ferramentas da cooperação é sem dúvida o modelo mais antigo já criado pela humanidade, mas pode ser o modelo mais produtivo que precisamos apenas resgatar. O caminho existe, vamos trilhar.
O autor Gilmar Denck é empresário com 30 anos de experiência em associativismo, formado em Filosofia e Administração.
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